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Em um exame ultrassonográfico, você saberia diferenciar uma alça intestinal como plissada ou corrugada?
Pois, dependendo se a alça intestinal for classificada como plissada ou corrugada, as suspeitas do médico veterinário podem ser diferentes.

Ao se deparar com uma parede de alça intestinal irregular, surgem aquelas dúvidas:
– Será uma enterite?
– Ou é um corpo estranho linear?
Para realizar um exame ultrassonográfico assertivo, o veterinário precisam saber das características de alças corrugadas e diferenciar das alças plissadas.

Veja só as diferenças:

Alças corrugadas

  • Padrão ondulatório que abrange as camadas mucosa e submucosa,
  • Aspecto mais linear da camada serosa
  • A estratificação em camadas se encontra preservada.

Alças corrugadas têm sido associadas a peritonites, pancreatites, enterites, neoplasias e isquemia de alça intestinal secundária à trombose

imagem ultrassonográfica da porção do jejuno de um cão macho da raça pinscher com 7 anos de idade. O cachorro apresentava desconforto abdominal. O padrão observado é de uma alça corrugada, pois só algumas camadas (não todas) apresentam ondulações.
Imagem ultrassonográfica da porção do jejuno de um cão macho da raça pinscher com 7 anos de idade. O cachorro apresentava desconforto abdominal. O padrão observado é de uma alça corrugada, pois só algumas camadas (não todas) apresentam ondulações. Imagem M.V. Ângela Azevedo.

Alças plissadas

  • Todas as camadas que compõe a parede intestinal estão envolvidas.
  • A estratificação fica um pouco mais difícil de reconhecer em um primeiro momento.
Imagem ultrassonográfica da porção do duodeno de um felino sem raça definida com 3 anos de idade. O gato que episódios de êmese O padrão observado é de uma alça plissada.
Imagem ultrassonográfica da porção do duodeno de um felino sem raça definida com 3 anos de idade. O gato que episódios de êmese O padrão observado é de uma alça plissada além da presença hiperecogênica do corpo estranho (na figura aparece no ápice da flecha e demarcado como CE, sendo hiperecogênico e retilíneo). Imagem: M.V. Ângela Azevedo

O corpo estranho linear surge como uma estrutura hiperecogênica, retilínea no lúmen intestinal. Dependendo da espessura e composição do material, pode ou não haver sombreamento acústico posterior.

Como o processo obstrutivo pode ser parcial nestes casos, geralmente a dilatação dos segmentos precedentes pode ser discreta ou ausente

Esquema ilustrativo de como ocorre o padrão plissado em uma alça intestinal. Na tentativa de carrear o corpo estranho, mas ele não se movimenta e, com os movimentos peristálticos a parede intestinal vai dobrando sobre si, formando esse aspecto plissado.
Esquema ilustrativo de como ocorre o padrão plissado em uma alça intestinal. Na tentativa de carrear o corpo estranho, mas ele não se movimenta e, com os movimentos peristálticos a parede intestinal vai dobrando sobre si, formando esse aspecto plissado.

De forma ilustrativa, veja o esquema a seguir para lembrar como é a diferença de uma alça plissada e uma alça corrugada

Esquema mostrando a diferença entre "plissado" e "corrugado".
Esquema mostrando a diferença entre “plissado” e “corrugado”.

Por isso é importante saber caracterizar corretamente o que está sendo analisado em um exame ultrassonográfico, identificando corretamente as alças intestinais. Assim, o exame veterinário é mais assertivo.

Referências

Moon ML, Biller DS, Armbrust LJ (2003) Ultrasonographic appearance and etiology of corrugated small intestine. Vet Radiol Ultrasound. 44(2): 199‐203.
Griffin S (2019). Feline abdominal ultrasonography: What’s normal? What’s abnormal? The diseased gastrointestinal tract. JFMS 21(11): 1047-1060.
Papazoglou LG, Patsikas MN, Rallis T (2003). Intestinal Foreign Bodies in Dogs and Cats. Compend Contin Educ Vet 25(11): 830-844