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Você já deve ter notado algumas vezes a presença de uma linha ou banda hiperecogênica (“mais branca”) na camada medular de alguns rins, especialmente nos rins de felinos. Esse é o sinal da medular.
As características ultrassonográficas do sinal da medular são: a composição de uma linha ou halo hiperecogênico na margem externa da camada medular, paralela à junção córtico-medular do rim.

Mas você sabe o que pode significar para a saúde do pet?

Ultrassonografia em gato com sinal da medular

Em cães, o sinal da medular foi descrito em animais com quadros de doença renais crônicas ou agudas, incluindo nefropatia hipercalcêmica, nefrite intersticial crônica, necrose tubular aguda e mesmo em cães sem indícios de disfunção renal.

Em gatos, o sinal da medular correlaciona- se com vasculite piogranulomatosa e nefrite intersticial crônica.

Alguns estudos concluem que este achado esteja ligado a depósito mineral benigno em animais não nefropatas. Outra hipótese sugere alterações de origem vascular, já que a medula externa seria uma área mais susceptível à hipóxia, até mesmo no rim normal. Acredita-se haver aumento na fibrogênese resultante da hipóxia tubulointersticial crônica, que justificaria o aumento da ecogenicidade nessa região.

Um estudo recente (Cordella et al., 2020),  de acesso aberto, avaliou a associação do sinal da medular à nefropatia em gatos e propôs uma divisão entre dois tipos de sinal medular (MRS):

MRS – linha: Grupo onde a MRS apresentava-se como uma linha hiperecogênica fina, de margens bem definidas.

MRS – banda: Outro grupo onde havia uma área ou banda hiperecogênica mais espessa, com pobre definição das margens.

Os resultados obtidos neste estudo mostraram:

· Prevalência da alteração em 4,6% da população de gatos avaliados;

· O MRS estava presente bilateralmente em 99% dos casos;

· Maior prevalência de gatos com a apresentação na forma de MRS-linha que de MRS-banda, 77% e 23%, respectivamente.

· MRS-linha foi menos associada a nefropatia, estando conectada a indícios de nefropatia em 40% dos gatos com este achado; enquanto na MRS-banda, 74% dos gatos eram nefropatas.

· Neste estudo houve maior prevalência deste achado nos animais com maior média de idade;

· Nenhum dos animais deste estudo era suspeito de P.I.F. (Peritonite Infecciosa Felina);

Importante lembrar que a característica mais confiável para identificar nefropatia ao ultrassom é a definição corticomedular, seguida de alterações nos contornos e da dilatação da pelve renal. E a alteração de imagem sonográfica mais frequente em gatos não azotêmicos é o aumento da ecogenicidade da cortical.

Referência
Cordella, A.; Pey, P.; Dondi, F.; Dunn, M.; Caramazza, C.; Cipone, M.; Diana, A. (2020) Journal of Veterinary Internal Medicine 34(5): 1932-1939 (open access)